Eu sei que você ainda me vê,
todos os dias.
Ora em seus pensamentos, a me flagrar escorregando as mãos pela nuca e pelo cabelo.
Ora na pele, sentindo aos arrepios a lembrança do sussurro baixinho,
deixado em teu ouvido entre um gemido e outro.
Eu sei que é comigo que você dorme e faz amor, um amor que não sabe ser de mais ninguém,
senão a mim.
É, eu sei que eu ainda existo de alguma forma aí dentro.
Que sou eu quem você vê todos os dias, entre o fechar e o abrir dos olhos,
assim que acorda e deita na cama.
Eu sei que essa ausência machuca.
Que o vazio sou eu quem preenche.
Sou eu quem cabe aí dentro,
de uma forma ou de outra.
Porque eu também sinto esse mesmo vazio no peso do travesseiro ao lado,
no vazio da gigante cama.